quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Talvez Amor

O mundo parou naquele instante. Um salto no coração, um frio na barriga, um medo súbito. Não soube o que fazer, refugiei-me longe daquelas sensações. Oras, o que estava acontecendo comigo? Pensava ter me isolado deste tipo de sentimentos. Bobagem, não havia de ser nada.
Acabou que era. Uma olhadinha de lado, disfarçada. Sutilmente observando e pensando não ser observada. Não daria em nada como sempre... Ou talvez desse.
Uma pequena conversa, troca de ‘dados’. Os dias se passaram e tudo se manteve na mesma. Até a próxima conversa. Eu falava coisas que não estava acostumada a dizer, normalmente manteria tudo aquilo para mim. Perdia minhas defesas enquanto minha mente ligava o sinal de alerta. No entanto, meu coração era mais forte e me incentivava a prosseguir com a história já iniciada. Quem mandara ter um coração tão persistente?
Uma manhã de sábado, encontramo-nos. Correria, não pude conversar com ele como queria. Chegando em casa, um texto escrito para distrair o pensamento que era só ele.
O convite. O show no dia seguinte. Mais uma vez nada aconteceria. Porém, na despedida dentro do carro, arriscamo-nos. Acabamos por ficar apenas naquela vontade de “quero mais”.
Segunda a tarde. Surpreendi-me ao ver aquele nome na tela do celular tocando. Não era possível; ele, ligando para mim? Conseguimos conversar dessa vez e acertamos que finalmente nos veríamos em uma oportunidade melhor.
Eis que o medo começou. Cheguei no local com receio, pensei em virar as costas e ir embora. O que dera em mim de me arriscar daquele modo? Uma vez não fora suficiente? Mas ele veio do lado oposto e nessa hora eu me acalmei.
Uma tarde de conversas foi suficiente para eu perceber que ele era diferente. Continuamos nos vendo, conversando, sentindo.
E a cada palavra mais eu ficava ligada a ele. Percebi que afinal não perdera meus sentimentos por mais que tivesse tentado.
Um porto seguro. O som da sua voz que faz meu coração parar por alguns instantes antes de acelerar enlouquecidamente; sua presença que me acalma; seus olhos olhando nos meus como se conseguissem ver o que escondo no íntimo por medo; seu sorriso que tem o dom de iluminar todo o meu dia por mais escuro que estivesse antes de sua chegada.
Com ele não preciso de muros, redomas, portas. Não preciso ficar trancada dentro de mim, negando-me. Ao seu lado recuperei minha essência há muito perdida e sobretudo encontrei minha felicidade. Não consigo mais frear as palavras, elas simplesmente saem de minha boca.
Nessas horas fico totalmente vulnerável e mesmo assim o medo tão presente em mim antes de conhecê-lo parece sumir. Ainda está lá, mas cada vez mais fraco. Um dia ele irá sumir por completo, eu acredito nisso.
Voltei a ter esperanças, a acreditar que as pessoas possam realmente ser boas.
Todo dia reaprendo um pouco mais a viver e lentamente percebo que as coisas não precisam ser como eram. Talvez eu realmente tenha algum valor, talvez alguém realmente possa se importar comigo e sentir algo mais por essa criança sentimental que há dentro de mim.
Mas a maior e melhor descoberta que fiz nesses dias graças a ele foi perceber que talvez eu realmente seja capaz de amar novamente.

Um comentário:

Lorenzo Tozzi Evola disse...

há muitos "talvez" nesse texto. falta convicção. por que tanta insegurança?

não somos crianças, conhecer do que somos e seremos capazes é importante; mas, mais do que isso, investir nesse conhecimento é fundamental.

cada ano que passa é uma fase da sua vida que se foi. e não é questão de "não poder voltar atrás"; mas, sim, de ter aprendido algo com o irretornável.


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