sexta-feira, 31 de julho de 2009

Pseudoenriquecimento Cultural

Século XXI. Terceira Revolução Industrial. Desde países emergentes até países desenvolvidos aderem à comunidade internacional, garantindo a sobrevivência na nova ordem internacional. A globalização aproxima os espaços com o apoio da mídia; mas as regras do mercado, ao serem ditadas pelas potências econômicas, afastam as pessoas e destroem culturas que se deixam influenciar por pensamentos hegemônicos transmitidos pelos mais diversos meios de comunicação.
Ocorreram inúmeras e rápidas transformações na esfera técnico-científica que levaram à modernização dos meios de comunicação. Nessa era da informação acessível, rápida e direta, é observado um grande volume de informações que dificulta o desenvolvimento de um maior senso crítico.
Com a difusão do sistema capitalista, a necessidade de consumo passou a fazer parte das prioridades da sociedade. Muito da responsabilidade por isso cabe a mídia, a qual tem grande influência sobre o desejo de consumo. Não há revistas, jornais, redes televisivas ou radiofônicas e “sites” que não possuam propagandas e promoções dos mais diversos produtos e serviços; e no Brasil, por exemplo, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, já em 1996 adquirir uma televisão ou um rádio era mais importante para a população do que uma geladeira, um bem de consumo necessário.
Em um mundo totalmente interligado, com as redes imateriais se expandindo mais a cada dia, culturas diferentes tendem a ter maior proximidade. O que a princípio pode parecer um enriquecimento do conhecimento de todos os povos apresenta-se, na realidade, como responsável por uma perda crescente de valores culturais.
A mídia, ao importar modelos globais e inseri-los em diversos locais, acaba por deteriorar os hábitos e valores de culturas menos influentes, inserindo-as em um padrão mundial que traz consigo a perda da liberdade e da identidade humana. Fazer um uso adequado da comunicação sem barreiras, promovendo o raciocínio e aproximando as relações humanas, é possível; porém, não convém a todos.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

02.03.2008

Tantas vezes tentei colocar minha vida, meus sentimentos e pensamentos em palavras. Inúmeras tentativas de me definir, e todas elas frustradas. Ah, e como fiquei feliz por isso..! Saber que não posso ser resumida em meia dúzia de palavras, limitada pela ponta da caneta em um simples papel...
Não há margens que limitem a minha complexidade sentimental. Não há ser humano algum que possa compreender-me por inteira. Nem eu mesma sei quem sou completamente. A cada tentativa, descobria algo novo dentro de mim, uma virtude ou até mesmo um defeito.
Como me alegrei ao perceber que sou muito mais do que eu mesma imaginava! Não acreditava que pudessem haver tantas características a sustentar o meu ser.
Mas agora sei que não tenho limites. A cada dia que passa sou uma nova pessoa e, inexplicavelmente, a mesma pessoa de todos os outros.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Epifania


Chovia.
Chovia torrencialmente. As águas estavam mais revoltas do que nunca. Era impossível sair naquela tempestade. Pontes e mais pontes haviam sido destruídas e, no entanto, grande parte dos muros permaneciam em pé, firmes. O isolamento ia se agravando e as correntes levavam a garota cada vez mais ao norte de seu mundo, distanciando-a sempre de seu tão almejado oeste.
Raios. Trovões. Relâmpagos. E lá estava ela, presa nesse mundo paralelo. O mundo de pontes e muros.
Ela já não sabia mais o que fazer. Cada ponte que ela decidia começar a construir era destruída por uma nova enchurrada. Uma nova tentativa, uma nova frustração.
Não havia condições para se iniciarem novas construções. O jeito foi tentar destruir os muros que ainda persistiam. Ela começou pelos mais antigos. Marretada atrás de marretada ela ia pondo-os abaixo. Alguns foram relativamente mais fáceis, outros nem tanto. Outro tanto não quis ceder de jeito nenhum. Paciência. Muros derrubados, só restava esperar uma trégua nas chuvas para que fossem substituídos por firmes pontes.
A ponte móvel seguia lá, inteira. A outra habitante deste mundo, sempre que podia, ia ajudar a jovem em seus projetos. Uma ajudava a outra a derrubar muros e trocavam entre si materiais para a construção de futuras pontes.
Mas meses e meses se passaram. As chuvas às vezes diminuiam, às vezes aumentavam bruscamente. Aquela inconstância amofinava a garota. Ela olhava para sua antiga redoma de vidro, pensando se deveria voltar para lá. Porém, ela lembrava de tudo que passou quando estava lá dentro. A solidão não lhe fora boa companhia, ela não desejava viver daquela maneira outra vez.
Cansada de ficar estagnada naquele lugar, ela decidiu se arriscar. Olhou para aquelas águas turbulentas. Um frio percorreu sua espinha. Uma sensação de medo enquanto a adrenalina corria em seu sangue. O resto daquele mundo gritava seu nome, atraindo-a para um mudança repentina, imprevisível. Ela se aproximou da beirada e se preparou. Aquele era o momento ideal.
Pulou.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Livro da Vida

Minha vida não se resume a uma simples existência. É muito mais que isso. Sou feita de sensações, lembranças, emoções.

Ao olhar as páginas passadas do livro que escrevi ao longo desses anos descobri erros esdrúxulos, exclamações e interrogações por todas as linhas. Há também espaços que infelizmente ficaram em branco. Em outros nem consigo ler o que está escrito. Mas não posso voltar com a caneta para corrigir tais falhas, fazer uma emenda aqui e outra acolá. Mesmo se pudesse, não as faria. Ao reler essas páginas descubro outras maneiras de escrever as atuas para que sejam mais completas, mais limpas.

Não, não ouso olhar para as folhas seguintes. Medo? Creio que não... Sempre fui dada a aventuras e sinto um grande prazer ao enfrentar o inesperado. Além disso, não quero que as páginas futuras destoem das antigas. Quero todas com rasuras, interrogações, exclamações e até mesmo alguns rabiscos nas margens, feitos às pressas para que, quando chegar no fim, eu possa ver que não passei pela vida em branco, que aproveitei cada momento. Quero ver citações a outros livros que ajudei a escrever. Desejo ler que, sempre que tropecei em alguma pedra no caminha, levantei de cabeça erguida, pronta para, na próxima queda, levantar ainda mais rápido e com mais força. Mais feliz ainda serei se ler que não caminhei sozinha, que sempre havia alguém ao meu lado, dando-me forças para continuar; e que parei para ajudar cada um que caía ao meu redor, vendo essas pessoas não com os olhos do rosto, que são cegos, mas com os olhos do coração.

Meu livro não possui ontem ou amanhã. Possui apenas o hoje, que é quando a vida acontece. Sou livre para escrever o que quiser nele. Com a caneta sempre em punho e uma página em branco, sigo sentindo, lembrando, caminhando... simplesmente vivendo!

domingo, 26 de julho de 2009

Sua mente, sua casa


O quarto estava uma zona. Papéis jogados por todos os cantos. Anotações, fichas, desenhos. Gavetas e armários escancarados, arquivos remexidos. Tudo na tentativa de se encontrar um objetivo perdido, um sonho esquecido que trouxesse consigo a esperança. A janela está aberta, mas só o vento entra, nada sai. A porta está trancada. E lá está ela, em sua busca incessante, presa no quarto de sua morada: o quarto das lembranças.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Déjà vu - 19.05.2009

Bate o sinal. Ela corre pegar sua mochila, muda de sala. Não sabe porque, mas aquela outra lhe sufoca. Hora de novos ares. Ela corre atrás de mudanças. Ela senta com sua amiga e olha para a porta. E eis que ele entra. Sim, ele. Seus traços marcantes, cabelos negros, rosto quadrado e um fio de barba por fazer. Alto, belo porte. Ela percebera sua presença há apenas algumas semanas. Desde então ela o tem observado. É como se ela o conhecesse, talvez seja mais um déjà vu pelo qual ela passa. Mas esse com certeza foi o mais bonito que já teve. Até mesmo as borboletas na barriga dela voltaram a voar. Aquele friozinho, uma mistura de alegria e receio.
Dessa forma os dias da garota passam, na incerteza do amanhã e a crença de que esse assunto ainda não acabou.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Beleza não tão bela

O individualismo não é algo incomum na sociedade atual. Valores pessoais foram depositados na aparência. Para se sentirem parte do mundo, pessoas modificam seus corpos, muitas vezes de maneira brutal.
Através da mídia, famosas passam uma idéia de supervalorização da aparência, seguindo determinadas características – o “mesmo” cabelo, lábios grossos, magreza... Os meios de comunicação usam temas relacionados à beleza em campanhas com imagens da mulher moderna realizada, com uma vida de sucesso e bem-estar pessoal. Essa massificação de modelos culturais acaba com a diversidade estética e leva culturas inteiras a mudarem seus padrões de beleza.
É claro que as mulheres não teriam como se adequarem a tais padrões se a tecnologia não houvesse se desenvolvido tanto. Com tecnologias cada vez mais avançadas, fazer cirurgias plásticas (entre outros processos) não tem tantos riscos como antes, o que leva até mesmo adolescentes a se submeterem a processos cirúrgicos em busca do corpo perfeito.
É nessa busca incessante que se sustentam algumas doenças que caracterizam uma epidemia silenciosa. O preconceito contra a obesidade e o culto à magreza criam um paradoxo: a beleza está em ser magra, mas a indústria alimentícia vende produtos calóricos e ricos em carboidratos. Para se livrarem dessa contradição, mulheres adotam dietas hipocalóricas e fazem exercícios físicos, muitas vezes exageradamente; outras ficam depressivas, quando não passam a sofrer de anorexia ou bulimia.
A globalização, apesar de intensificar as relações sociais em escala mundial de maneira que os países possam ajudar uns aos outros a crescer, mantém a antiga regra de que quem tem maior poder econômico controla todos os campos, do político ao ideológico. O Ocidente, até hoje mais influente, penetra na cultura oriental de tal forma que a absorve e substitui, destruindo não só identidades individuais, mas também a identidade de todo um povo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Flores de uma vida


E talvez aquele tenha sido mais do que um momento como outro qualquer. Quem sabe não foi o seu momento e você sequer se deu conta disso? Afinal, você estava muito mais preocupado com outros assuntos.
Fantasmas do passado não param de lhe atormentar. Melhor dizendo, você que não para de buscá-los, indo ao encontro do que já deveria ter sido esquecido. Você vive algo que já foi; está preso a um assunto que, ao seu ver, ficou pendente. Faz planos levando em conta a fantasia em que está mergulhado. Enquanto isso, a vida passa e você nem se dá conta das chances que tem perdido. Vivendo algo que não existe, passando em branco pelo presente e sonhando com um futuro que não tem a possibilidade de se tornar realidade.
Sonhos que sempre lhe foram tão importantes e hoje nada mais são do que tentativas frustradas ou situações passadas. É aí que você mantém a sua base, seu alicerce: em um solo arenoso. E aquele jardim de sonhos novos, bem do seu lado, esperando para ser cultivado? A relva verde da esperança sob um céu azul de equilíbrio, com os ventos da calmaria trazendo sua felicidade.
Os ventos estão cada vez mais fortes, mostrando que a hora de mudar já chegou. Uma nova fase deve começar, há novos jardins para serem cultivados. Mesmo assim você fica parado olhando para o jardim que floresceu lindamente um dia e agora não passa de uma área sem vida. Não há a beleza de outrora nessas folhagens, mas ela existe nos terrenos ao seu redor. Basta um olhar para perceber toda a vida à sua, à nossa volta.
Claro, sempre existirão os jardins antigos que não serão, nem devem ser, esquecidos. Novos jardineiros irão lutar pela vida naqueles locais, nada mais justo. A vida floresce em cada ser, desde que se dê uma chance.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Felicidade...

Hoje conversávamos sobre felicidade e a conclusão a que todos chegamos foi a seguinte: a felicidade simplesmente não existe.
Eis o grande impasse na ópera que é a vida: vivemos em busca de algo que não existe. Ninguém é feliz, apenas está feliz. O mesmo vale para a tristeza.
O ápice da ópera consiste no momento de felicidade, aquele momento em que perdemos a razão e nos deixamos levar pelas sensações. Não há certo; não há errado. Somente o aqui e o agora importam. E é nessa hora que vem aquela ideia de que "isso vai durar para sempre".
Então começa a luta. Tenor e soprano alternam suas vozes. O auge já foi alcançado, agora só se pode diminuir o tom. Primeiro uma oitava, depois outra e assim vai, até chegar ao seu ponto mais baixo.
Eis nossos momentos de infelicidade. É neste momento que somos mais racionais e calculistas, que analisamos o próximo movimento a realizar para não abaixar nem mais um tom. Parece que chegou o fim, sem mais lutas e decepções. Mas lá vamos nós aumentar o tom, criar uma nova esperança. Inicia-se novamente a busca pelo ideal de pseudofelicidade.
Não me venha falar que tudo o que aqui está escrito é mentira, isso seria mentir para os outros e para si mesmo. A vida é feita de altos e baixos, de mudanças contínuas. Não somos uma constante, mas sim uma variável. A pessoa que vemos no espelho hoje não é a mesma que vimos ontem, muito menos a que veremos amanhã.
Observemos as marcas em nossos rostos... São provas dos risos e dos choros que tivemos pelo caminho.
Felicidade, tristeza...Nada são além de nomes que demos a sentimentos que não entendemos e mesmo assim insistimos em buscar ou evitar. São ideias criadas pelos homens há muito tempo que ainda permanecem encrustadas em nossos seres. Não sabemos o que são ou porque devemos tentar atingí-las e mesmo assim insistimos nessa busca pelo nada.
A felicidade não existe.

domingo, 19 de julho de 2009

Intertextualidade


Quem sou? Bem, isso já é demais...
Eu não sou igual à garota que você vê na revista, aquela modelinho que você sempre sonhou. Não há ninguém igual a mim, assim como não há ninguém igual a você.
Eu desejo o impossível, desconfio do provável, dou risada do ridículo e choro quando tenho vontade, mas nem sempre sei o motivo. Tenho um sorriso confiante que às vezes esconde o que realmente há dentro de mim, camuflando toda a insegurança que carrego. Abomino a mesmice; a rotina é incompatível com a inconstância de alguém muitas vezes imprevisível.
Nem sempre faço o que tenho vontade; falta-me coragem ou, talvez, sobre sanidade. No entanto, já agi por impulso algumas vezes. Um grãozinho de sandice, longe de fazer mal, dava certo pico à vida. E quem nunca teve um momento de insanidade na vida, não é mesmo?
Por favor, não me analise. Não fique procurando cada ponto fraco meu. Se ninguém resiste a uma análise profunda, quanto mais eu ciumenta, exigente, insegura, carente, toda cheia de marcas que a vida deixou.
Aceite-me como eu sou, não tenho a pretensão de ser alguém perfeito. Eu sou como você, sou da raça humana, sou capaz de errar. O erro não é falta de caráter e faz parte da natureza de todos.
Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso – nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro...Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você – respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você – não copie uma pessoa ideal, copie você mesma.
Meu conhecimento é incompleto. Estou na busca do aprendizado e tenho um longo caminho a ser percorrido. Não me sinto superior ou inferior a outras pessoas. Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar. E nessa caminhada já aprendi que é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas; e que o ideal é não esperar pelo momento ideal.
Nesses anos, já fiz muitas coisas, e a verdade é que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais foram os maus. Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.
Por isso, não espero ser aceita por todos. E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar.

sábado, 18 de julho de 2009

Um novo começo...




Sorria...

...você está sendo filmado.Sua vida está sendo vigiada. Todos dando opiniões sobre o que as pessoas devem fazer, sobre o que nós devemos fazer. E devemos deixar de fazer o que queremos só porque disseram pra fazermos isso ou aquilo? Esse tipo de atitude não me convém.
Não me interessa ser o que os outros querem ou pelo menos esperam que eu seja. Eu só sei ser desse jeito: meio imatura, meio adulta; meio explosiva, meio calculista; meio indecisa, meio direta; meio criança, meio séria.
Meus preconceitos e inseguranças? Vá lá que sei bem que os tenho. E daí? Quem não os tem?Se tiver a oportunidade e valer realmente a pena...Vou atrás do que desejo, por que não? Se outrem não concordarem com minha atitude não me interessa. Minha vida, minhas decisões, meus erros, minhas consequências. Já sou grandinha o suficiente para assumir a responsabilidade por meus atos, muito obrigada.
E se eu não fui atrás alguma vez, não lutei por algo...Foi somente porque achei que não valesse a pena ou porque minha maturidade, naquele momento, não me permitiu. Isso não quer dizer que não tenha sido importante, muito pelo contrário. Algumas coisas nessa vida creio que ficam melhor deixadas livres; certos assuntos não podem ser manipulados, controlados.
É assim, com minha família, meus amigos, meus amores...Enfim, com as pessoas que me rodeiam. Prefiro deixá-los livres para seguirem o caminho que desejarem e gostaria que fizessem o mesmo comigo.
Sem influências, sem me forçar a nada. Deixem-me ser eu mesma, com meus defeitos e medos. Preciso andar com minhas próprias pernas, assim poderei correr para onde desejar, sem limites. Só o horizonte para eu observar, só a natureza a me analisar. As câmeras dos olhos alheios que continuem a me julgar, não ligarei para elas. Isso é liberdade.