terça-feira, 20 de abril de 2010

Um antigo desabafo

Antes do suposto 'texto' em si, são necessárias algumas explicações para melhor entendimento, presentes na seguinte história:

Um dia, eu me apaixonei por alguém, um amor que foi e, ao mesmo tempo, não foi à primeira vista. Durante algum tempo, vivi o que poderia ser considerado um conto de fadas, o meu conto de fadas. Aos poucos tudo foi se tornando realidade, mas eu não me importei, pois assumira um compromisso ciente das dificuldades que possivelmente viriam e estava disposta a enfrentá-las. Para mim, o esforço era mais do que válido. Lentamente notei algo errado, mas preferi ignorar meus instintos, meu bom senso. Lutei mais do que nunca para manter minha felicidade, para salvar a história que vinha construindo. Não digo que foi em vão, que falhei, sei que dei o melhor de mim; porém, parece não ter sido o suficiente - meu conto de fadas oficialmente estava acabado (como sempre, com promessas feitas que não foram cumpridas e uma grande decepção). Um dia, quando ainda esperava um desfecho diferente, numa última tentativa, decidi agir - eis que surgiu o texto logo abaixo. Suas consequências foram previsíveis - mais uma promessa infundada (que logo percebi que jamais se concretizaria) e um momento de entendimento. Foi então que acordei e decidi que já havia passado da hora de seguir com a minha vida. Não espero mais nada de tudo isso e muito do que eu pensava e sentia não condiz mais com o meu interior atual. Todavia, não se pode abandonar um sentimento como esse no esquecimento. Por isso decidi transcrever o que por alguns meses mantive em segredo, por tudo que ele representou pra mim um dia. Eis meu passado recente que tanto influenciou no meu presente:



Muitos podem achar que eu não deveria fazer isso, que é errado e estou sendo idiota. Mas não me importam os outros. Só seria errado se eu não estivesse fazendo o que o meu coração manda. Eu já ignorei ele por muito tempo, não vou continuar. Cometi o erro de deixar tudo acabar sem dizer o que sentia uma vez, não vou repeti-lo. Pode ser que não faça diferença nenhuma, que tudo continue igual. Mas pelo menos não vou ficar com aquele maldito "E se eu...".

Eu errei em vários momentos, assim como você. Falamos quando não deveríamos ter falado e deixamos de dizer algo quando realmente era necessário. Não coloco a culpa toda em ti nem em mim. Um relacionamento é responsabilidade de ambos, e se acaba cada um tem uma parcela de "culpa", por mais que eu tenha dito algo com sentido contrário na hora da raiva.
Não vou falar que deu errado porque por muito tempo deu certo e é exatamente esse tempo que importa. Cada segundo com você me marcou de uma maneira ou de outra.
Cresci e amadureci muito contigo. Tenho muito a melhorar, mas cada coisa no seu tempo.
Aprendi o que é realmente o amor, esse sentimento abstrato que ninguém consegue explicar, que nos faz encontrar o caminho pra felicidade, mesmo que com obstáculos. Não é um caminho sempre fácil, pelo contrário. Porém, com esse sentimento, tudo fica mais simples. O amor pode até mudar de forma. Podemos nos ocupar com tanta coisa e não ter tempo de pensar muito nele. Mas ele sempre estará lá, escondido em algum canto. Faz parte de você, não é necessário que você esteja com a pessoa 24 horas por dia.
Todas as lembranças que tenho contigo, junto com esse sentimento, formam o meu maior tesouro, aquele que ninguém pode tirar de mim. Amar alguém não é querer a pessoa sempre com você, mas querer vê-la feliz.
Gostaria só de dizer mais uma vez que eu te amo muito, um amor que nunca imaginei poder existir, não dentro de mim; e que desejo que você seja muito feliz nos caminhos que escolher.
Como disse inúmeras vezes, pra sempre.
01/02/2010

01.04.09

Eu não sei muito bem o que sou. Posso dizer com menor incerteza o que sou neste exato momento. Digo isso porque não sei qual o próximo passo que darei nem suas consequências em minha vida. Se eu não sei nem nunca saberei quem sou, por que você saberia?
Minha essência é a mesma, mas meu modo de ser não. Atitudes, desejos, ambições, alegrias e tristezas... Tudo depende dos acontecimentos de minha vida.
Vivo mudando, não sou uma constante e não desejo ser! O que quero hoje não é o mesmo que queria ontem, muito menos o que irei querer amanhã.
Posso estar feliz e em alguns minutos ficar triste ou irritada. Não me venha perguntar o por quê! Aos diabos com os por quês da vida! Pra que querer encontrar uma razão para tudo?! Não é mais fácil simplesmente não entender?! Estoicos não alcançam a mesma felicidade que os tolos!
Felizes são os que são quem desejam ser, que vivem plenamente! Viver mornamente, passando apenas pelos momentos sem absorver cada aprendizado, não é viver. É simplesmente morrer em vida. Eu não quero ser mais um "morto-vivo" nesse mundo. Viso o aprendizado; por mais difícil que este pareça na hora, com o tempo verei como me fez crescer. Devo viver no presente, tendo aprendido com o passado e sem me amofinar com um possível acontecimento futuro. Isso é Carpe Diem!
Como dizem, o tempo é senhor da razão e cura todas as feridas. Quanto às cicatrizes, que mal têm? Ao vê-las, lembrar-me-ei daquilo que passei e dos erros que cometi. Talvez volte a errar da mesma maneira, mas apenas para ver que não aprendi o suficiente com o primeiro erro.
Não desejo ser perfeita, desejo apenas ser eu mesma, vivendo minha vida como me convir. Se não gostarem do meu modo de ser, paciência. Ninguém agrada a todos, nem há necessidade disso. Primeiro devo agradar a mim mesma e mais ninguém.
Viva a sua maneira que viverei a minha. Namastê.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Uma saudade.

Ela aparentemente era só mais uma garota como outra qualquer de sua idade. Nada a destacava, mas era esquecida por tudo. Você deve ter conhecido alguém que fosse assim, de certa forma insossa.

Uma garotinha loira, pequena por natureza. Todavia, andava meio curvada, contraída, como se tentasse se esconder do mundo. Apresentava escondido atrás da franja reta um olhar de medo e, estranhamente, de confiança ao mesmo tempo. De certa forma, perspicaz.

Porém, ninguém notava essa sutileza. Melhor dizendo, ninguém a notava. Era raro olharem para ela, a não ser com aquele conhecido olhar de reprovação e chacota.

Cabelo chanel, o corte mais simples possível. Mais uma personificação de sua timidez.

Talvez a falta de descontração fosse pelo fato de ser um tanto quanto gordinha. Com rosto redondo e bochechas sobressalentes, aparentava ser mais esférica do que realmente era.

Vendo fotos e filmagens em que ela está presente, tenho a impressão de que a menina considerada por tantos bobinha poderia mostrar, se quisesse, ser muito mais do que os outros imaginavam. No entanto, ela parecia não querer. Questão de personalidade, quem sabe.

Antitética, sorria e chorava com frequência. Vale ressaltar que fazia o possível para esconder seu choro; nunca gostou de deixar as fraquezas que possuía transparecerem. O riso, por sua vez, apesar de contido era transparente e sincero. O tipo de sorriso que se vê não só na boca, mas também e principalmente nos olhos. Pense um pouco e se lembrará de ter visto um sorriso desse tipo pelo menos uma vez no rosto de alguém, é inesquecível.

Porém, nada supera sua característica mais marcante. Quem a observasse melhor notaria sua enorme crença nas pessoas. Esperava sempre o melhor de todos e, caso isso não ocorresse, logo esquecia. Nela estava encerrado o dom de perdoar. Sim, é um dom, um magnífico dom. Qual fosse o erro, a garota tinha certeza de que não se repetiria, que a pessoa aprenderia e se tornaria um pouco melhor a cada vez.

Sei, é algo meio que inimaginável nos dias de hoje. Alguém que acredita no potencial muitas vezes escondido nos cantos mais obscuros e esquecidos de cada um.

Pessoa no mínimo rara, mesmo sendo uma criança. Contudo, sabemos muito bem que nem todas as crianças mantêm sua inocência por um longo período; além disso, elas agem por instintos com frequência.

Como disse, ela era diferente, um tanto quanto especial. E mesmo assim, invisível.

Não me pergunte onde ela está agora. Acredite, se eu soubesse já teria ido ao seu encontro há muito tempo.

Por mais que tente, não consigo me recordar do exato momento em que a perdi de vista. Diria que foi algo progressivo.

Sempre que penso nela, em seu sorriso e em seu olhar enigmático, sinto um enorme aperto no peito. É então que a falta que sua presença faz me sufoca mais do que tudo.

Claro, poucos entenderiam o porquê de sentir tanta saudade dessa loirinha. Tentei descrevê-la, mas sei que não é a mesma coisa. Basta saberem que um dia ela foi tudo que tive.

Ainda tenho esperanças de reencontrá-la escondida em algum canto dentro de mim, agachada e com medo. Nessa hora, ela mostrará mais uma vez toda a ironia de seu ser, olhando-me com olhos assustados enquanto exibe aquele lindo sorriso, feliz por ter sido encontrada.

Afinal, há alguns anos eu já fui ela. E ela sempre será eu.