sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Fluxo de Consciência

Já é tarde, ao menos é o que parece. A claridade se esvai para que o escuro tome seu lugar.
Logo em frente há um estranho brilho colorido. Um prisma. É só receber um raio de luz para que surjam todas aquelas cores. Vários em um, um em vários.
Decido levá-lo comigo. Sigo em frente esperando chegar antes que a escuridão tome conta de tudo. Chegar onde? Não sei, na hora descobrirei. Esbarrando nas paredes e tropeçando em blocos pesados encontro outros pequenos focos de luz.
Está difícil de enxergar. Minha vista está cansada, meu corpo está cansado, eu estou cansada.
O mundo lá fora está uma zona, um absurdo. Que estou falando? Isso aqui também está uma anarquia! Será que não existe mais ordem?
Tento me focar em sair deste labirinto, porém minha retina caleidoscópica indica todos os caminhos como sendo certos. Direita ou esquerda? Ou seria melhor o centro? Não posso parar aqui, no meio do nada. Estou perdida. Perdida em meu nada que tudo tem, o tudo em que nada existe.
Em frente, um súbito declive atraente. Há um movimento diferente lá embaixo, algo me puxa para a beira do abismo. Ouço um belo acorde, nada vejo. Talvez pular seja o melhor, arriscar cair muito, mais fundo do que desejo apenas para buscar uma mudança. Tudo para sair desta monotonia, deste estado. Será?
Espere, que é isso? Não consigo seguir em frente. O que me impede?
Volto minha cabeça e subitamente enxergo tudo de novo. Não há mais labirinto, escuridão, abismo, isolamento, medo. Meu prisma espalha raios coloridos para todos os lados. Há um estranho movimento neste show de luzes, efeito um tanto quanto hipnótico que, no entanto, não consegue prender minha atenção por muito tempo. Desvio o olhar e descubro porque não consegui pular.
Dois braços me envolviam e só então senti as mãos que apertavam minha cintura. Percebo seu olhar, sinto seu cheiro, ouço sua respiração ofegante como se tivesse corrido milhas sem parar para chegar naquele lugar.
- Eu jamais deixaria que você pulasse.
Nesse instante percebi porque a luz voltou de repente.
Chegara enfim.

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