terça-feira, 5 de outubro de 2010

Debate Politilário

A política brasileira se destaca por apresentar constantes mudanças. No último domingo (26/09), notou-se a formação de um novo cenário na candidatura à presidência da República. Aparentemente, a disputa deixou de ser um conto para se caracterizar como novela.
Ao centro, o embate entre a versão feminina de Chuck, o boneco assassino, e o caríssimo picolé de chuchu (II). Tentando se tornar uma protagonista, a mistura de Poliana com Utopia. Por fim, o traidor da burguesia aparece como o perfeito Dom Quixote de La Mancha.
No início, o destaque foi Plínio de Arruda com ataques incisivos à candidata despreparada, ao péssimo professor e à ecocapitalista. O candidato já recebia aplausos com certa frequência quando se distraiu - foi como se tivesse tropeçado no tapete vermelho na hora de receber o grande prêmio. A partir daí, os argumentos não passaram de elongações em torno de uma mesma proposta. Nada mais se via além de um quadrúpede portando uma viseira muito fechada - estreitando a visão - e ferraduras demasiadamente gastas.
Marina Silva, por sua vez, partiu para o ataque em busca de um lugar na possível disputa em segundo turno. Apesar de demonstrar conhecimento amplo, com destaque para assuntos de âmbito econômico, melhor do que qualquer um dos demais candidatos, a ex-seringueira ainda não se mostrou capaz de responder a uma pergunta sem discorrer prioritariamente sobre o meio ambiente.
Enquanto isso, Dilma Roussef e José Serra aparentavam ter aprendido - na escola malufista - a melhor maneira de responder a perguntas sem realmente o fazer. Exaltações aos governos dos quais fizeram parte não faltaram, o contrário do que se observou em relação aos esclarecimentos solicitados.
A ex-ministra da Casa Civil representou uma das mudanças da noite: diferentemente dos outros debates, preferiu se dirigir à ex-ministra do Meio Ambiente, deixando o candidato tucano fora dos holofotes em inúmeros momentos - tampouco este conseguiu se destacar por si só.
Em poucas horas, passou-se da comédia ao drama, para daí então se chegar ao suspense. Encenou-se o começo de um novo ato, hilário em alguns momentos mas sem deixar de ser uma tragédia. O debate acabou sem vencedores; todavia, o perdedor está em destaque mais do que nunca: o povo brasileiro.


*Texto de 27.09

Um comentário:

Olhiara disse...

Excelente visão da concorrência Presidencial. Acredito que o povo está mais do que satisfeito com o pão e circo proporcionado pelo governo corruPTo atual, e não quer arriscar presentear o governo burguês com 4 anos de mandato. Infelizmente a política, como muito difundido na mídia, esta sofrendo da despolitização, onde os debates estão cada vez mas feios e com menos propostas concretas, sendo feito apenas de ataques, quando chega a ter, pois ultimamente nem isso tem acontecido. Brilhante texto, Dinha. Ao ler, fiquei até com vergonha dos meus, hahahaha. Está de parabéns.