quarta-feira, 29 de julho de 2009

Epifania


Chovia.
Chovia torrencialmente. As águas estavam mais revoltas do que nunca. Era impossível sair naquela tempestade. Pontes e mais pontes haviam sido destruídas e, no entanto, grande parte dos muros permaneciam em pé, firmes. O isolamento ia se agravando e as correntes levavam a garota cada vez mais ao norte de seu mundo, distanciando-a sempre de seu tão almejado oeste.
Raios. Trovões. Relâmpagos. E lá estava ela, presa nesse mundo paralelo. O mundo de pontes e muros.
Ela já não sabia mais o que fazer. Cada ponte que ela decidia começar a construir era destruída por uma nova enchurrada. Uma nova tentativa, uma nova frustração.
Não havia condições para se iniciarem novas construções. O jeito foi tentar destruir os muros que ainda persistiam. Ela começou pelos mais antigos. Marretada atrás de marretada ela ia pondo-os abaixo. Alguns foram relativamente mais fáceis, outros nem tanto. Outro tanto não quis ceder de jeito nenhum. Paciência. Muros derrubados, só restava esperar uma trégua nas chuvas para que fossem substituídos por firmes pontes.
A ponte móvel seguia lá, inteira. A outra habitante deste mundo, sempre que podia, ia ajudar a jovem em seus projetos. Uma ajudava a outra a derrubar muros e trocavam entre si materiais para a construção de futuras pontes.
Mas meses e meses se passaram. As chuvas às vezes diminuiam, às vezes aumentavam bruscamente. Aquela inconstância amofinava a garota. Ela olhava para sua antiga redoma de vidro, pensando se deveria voltar para lá. Porém, ela lembrava de tudo que passou quando estava lá dentro. A solidão não lhe fora boa companhia, ela não desejava viver daquela maneira outra vez.
Cansada de ficar estagnada naquele lugar, ela decidiu se arriscar. Olhou para aquelas águas turbulentas. Um frio percorreu sua espinha. Uma sensação de medo enquanto a adrenalina corria em seu sangue. O resto daquele mundo gritava seu nome, atraindo-a para um mudança repentina, imprevisível. Ela se aproximou da beirada e se preparou. Aquele era o momento ideal.
Pulou.

2 comentários:

Unknown disse...

como assim pulou?
aaaaaaaaaaaaaaah! :xxxxxx
estou de boca aberta :O

Lorenzo Tozzi Evola disse...

só o fez por não conhecer o Jimmy: http://nummuro.blogspot.com/2009/07/voce.html