domingo, 23 de agosto de 2009

Tempo Adverso

Os ponteiros do relógio correm em ritmo constante. Não marcam nosso fluxo de consciência. Nossas impressões e sensações não obedecem à lei do tempo.
Não existe passado, presente ou futuro. O passado influencia o que fazemos no presente. Consequências do presente se apresentarão no futuro. Os três se unem e marcam apenas uma coisa: o conjunto que é a vida.
Tempo é relativo. Cada um tem o seu, cada um controla o seu. A única certeza é que ele nos conduz sempre. Estamos presos a esse conceito. Temos pressa para chegar ao trabalho mas não nos importamos em um pequeno atraso para a reunião de família, eles entenderão.
Meia hora em uma festa animada passa muito rápido; quando se vê, já é hora de ir embora. Porém, aquela meia hora esperando por um ônibus na chuva parece uma eternidade.
Perdemos muitos momentos por ficarmos presos ao relógio. Deixamos que ele decida o que devemos fazer, que comande nossas vidas. Para acontecimentos realmente importantes para nosso bem-estar estamos sempre “sem tempo”, deixamos “para uma próxima oportunidade”. E as obrigações tomam sempre o espaço do que nos faz bem. Não que ter obrigações não seja necessário, ao contrário. O problema é esse maldito ponteiro que nos persegue e nos prende, impulsionando-nos para as necessidades instantâneas e nos afastando das futuras.
Encontros desmarcados, risos perdidos. Tudo por uma ideia, um conceito. Deixamos que o tempo passasse a dirigir nossas vidas, viramos seres automatizados. É ele quem controla tudo e todos.
Perdemo-nos no meio dessa relatividade e nem ao menos tentamos fazer algo para mudar. Afinal, não temos tempo para isso agora.

Um comentário:

Lorenzo Tozzi Evola disse...

mais importante é, sem dúvida, a noção que se tem do tempo. não é nem o ônibus nem a chuva que faz com que ele demore a passar, mas sim a necessidade de sair da chuva entrando no ônibus. é diferente. a pressa nem sempre é necessária.